Chafariz das Laranjeiras

Ora, sobre o chafariz das Laranjeiras, com base nos relatos encontrados, sabemos que foi construído a pedido do 1º Barão de Quintela, dono do Palácio das Laranjeiras. Havendo falta de água lá no sítio, em 1791, o senhor propunha-se a pagar as custas de a encontrar, de a fazer chegar às Laranjeiras e da construção de um chafariz. Após algumas desavenças sobre por onde passar a canalização, decidiu sua Majestade mandar aprofundar um poço existente e construir o chafariz em frente ao Palácio. Ou seja, não exatamente como está hoje. Já lá vamos.

© Arquivo Municipal de Lisboa | PT/AMLSB/ORI/001009

Os arquitetos foram Francisco António Ferreira Cangalhas e Honorato José Correia de Macedo e as obras ficaram concluídas em 1795. Trata-se de um chafariz de planta retangular simples, em cantaria de calcário.

A documentação encontrada também nos dá conta que o brasão que vemos no chafariz, é o de D. João VI, embora ainda enquanto Príncipe Regente. Não percebendo grande coisa de heráldica (a ciência que estuda esta matéria), diríamos que as datas batem certo. A Rainha D. Maria I, sua mãe, endoideceu em 1792 e, apesar do pobre coitado não querer assumir imediatamente o título, assumiu as funções. Parece fazer sentido que um chafariz construído quando D. João já estava a exercer funções de regência há 2/3 anos, tenha o seu brasão.

© Arquivo Municipal de Lisboa | PT/AMLSB/POR/060316

© Arquivo Municipal de Lisboa | PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/EDP/000062

Imaginamos que tenha sido para alargar a entrada na Calçada da Palma de Baixo, em 1945, reposicionou-se o chafariz. Na sua primeira versão, estava virado de frente para o Palácio das Laranjeiras. Desde então que se encontra no mesmo local, no cruzamento da Estrada das Laranjeiras com a Calçada, agora virado para Sete Rios. Como curiosidade, podemos acrescentar que “o desmonte e reposição deste chafariz” foi orçamentado em 18.754$ e adjudicado por 14.490$. Ou seja, a obra custou menos 4.264$ do que estava previsto. Algo muito pouco usual no nosso país. 😅

© Arquivo Municipal de Lisboa | PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/EDP/000698

Hoje em dia o chafariz das Laranjeiras continua no mesmo local, bonito como antigamente, mas sem água corrente.

Informações:

Referências:

    • ANDRADE, J. (1851) Memória Sobre Chafarizes, Bicas, Fontes e Poços de Lisboa, Belém, e Muitos Logares do Termo. Imprensa Silvana: Lisboa.

    • Barreto, Á. S. (1946) Relatório do Presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Anais do Município de Lisboa 1945. CML: Lisboa.

    • Maia, A. (2007) Monumentos e edifícios notáveis do distrito de Lisboa, Junta Distrital de Lisboa:  Lisboa.

    • http://www.monumentos.gov.pt/site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=5087, consultado a 29 de Julho de 2023.

    • https://informacoeseservicos.lisboa.pt/contactos/diretorio-da-cidade/chafariz-das-laranjeiras, consultado a 29 de Julho de 2023.

    • https://www.arqnet.pt/dicionario/quintela1b.html, consultado a 29 de Julho de 2023.

    • https://www.arqnet.pt/portal/portugal/temashistoria/maria1.html, consultado a 29 de Julho de 2023.

    • https://www.arqnet.pt/portal/portugal/temashistoria/joao6.html, consultado a 29 de Julho de 2023

Fotografias adicionais:

Capa e redes sociais:

    • © Arquivo Municipal de Lisboa PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/POZ/000463